domingo, 28 de fevereiro de 2010

referências & escolhas

Quando adolescente a convivência com minha tia Mia (o nome dela é Ana mas eu a chamo de Mia) foi responsável por uma parte de toda minha identidade. Tive a grande sorte de poder viajarmos juntas e assim "morar" com ela um pouco. Então que, aos 13 e aos 15, eu nunca entendia porque minha tia comia pouco ou comia as coisas que ela comia (#gordinhafeelings). Eu e meus primos devorávamos Big Mac+Batata+Refri de 500ml com direito a sorvete de sobremesa e a Mia comia um sanduíche com coca light ou salada e NUNCA sobremesa. Me lembro que ela sempre jantava sopa com uma (!) torrada e pouquíssimas foram as vezes que a vi comer loucamente (Outback, oi?)

E hoje eu a entendo. Hoje eu sei. Sei que as coisas que queremos só nós mesmas podemos fazer. Você quer um corpo bonito? Você vai ter que lutar por ele. Quer uma pele legal? Cuide dela todo santo dia. Não tem segredo. Seu pai ou sua mãe podem até tentar fazer as coisas por você mas você só vai conseguir se você mesma correr atrás. É mais ou menos como estudar, os pais até estudam com a gente no início e na faculdade tem os grupos de estudos, mas se você não sentar sua bunda na cadeira e estudar não vai conseguir aprender nada.

Então que a idade vem (28, oi?) e eu me dei conta das coisas que eu quero, das coisas que eu gosto e das coisas que me deixam feliz. Entre elas estão: ter um corpo legal que me permita ter prazer em escolher uma roupa e usá-la sem medo, saber o que funciona pra mim em termos de cabelo, maquiagem e acessórios e usar coisas bacanas de qualidade. Passei boa parte da adolescência e juventude escondendo meu corpo e cheia de complexos simplesmente porque nunca fiz as escolhas direito por falta de maturidade ou por preguiça mesmo.

Hoje me serviram calças que eu não usava desde os 18 anos, calças que guardei por puro wishful thinking de que um dia serviriam de novo. Estão fora de moda e tem o cós um pouco alto (era o ano 2000 e as cinturas não eram tão baixas ainda!) mas me servem, ficam bem em mim e eu sou feliz com elas porque elas refletem decisões que passei a tomar por mim, pelo meu bem estar e o de ninguém mais. Escolhas que fiz unicamente visando minha saúde, não sentir mais dor na coluna e não ficar deprimida toda vez que tenho que me vestir.

Estou pesando 60 quilos, tenho 1,59, tenho uma hérnia de disco chata que me tirou a sensibilidade da cintura pra baixo durante 2 dias (os piores dias da minha vida), não precisei passar fome pra chegar neste peso, não provoquei vômitos e eu como tudo que eu gosto e preciso só que eu aprendi que comida não é amor (ou satisfação ou sucesso ou qualquer outra coisa que você queira), ela sempre estará ali com o mesmo sabor (chocolate é sempre chocolate) e depois que eu comia por pura ansiedade dali a alguns minutos estaria vazia de novo. Porque o vazio tava dentro de mim e não no meu estômago.

A verdade é a seguinte: a vida é feita de escolhas. Na faculdade, minhas amigas almoçam pratos-feitos com batata-frita e bife de picanha todos os dias enquanto eu como salada+arroz+feijão ou quando queremos variar tomo vitamina com um lanchinho natural e elas comem cheeseburguer com pão-de-mel de sobremesa. Hoje, a diferença é que eu sei que tenho que me alimentar ao invés de me empanturrar e que todas as guloseimas sempre terão o mesmo sabor. viver é um exercício diário, não tem moleza, seja de uma maneira ou de outra. Temos que escolher nossas batalhas, lutar por elas e aprender o que nos deixa felizes perseguindo esses objetivos. Porque afinal a felicidade está no caminho e não no destino. Ser feliz é agora, sentir-se bem e bonita é agora porque a vida tá acontecendo agora.




AVISO: NÃO faço apologia à anorexia ou bulimia. Cada um é feliz do jeito que quiser. O mundo é um lugar livre e ainda gozamos de liberdade de expressão. este texto é sobre escolhas.

Um comentário:

Patricia Cardoso disse...

Vc comentou uma coisa interessante: a diferença entre comer e se alimentar. Penso nisso na maior parte do meu tempo, escolhendo sempre o que eu acho ser mais saudável. Ja tive uma fase "chata da comida" pq só queria comer coisas mega saudaveis, meus amigos se irritavam etc.. mas nao ligo, eu sou feliz comendo direito. Não sou chiita, adoro porcariada, chocolate e etc, mas se todo mundo pensasse em alimentação e não em "comer loucamente", teriamos outros corpos, ne?

bjs